terça-feira, 1 de junho de 2010

Ela

Conheci-a por acaso.

Eu que não acredito em amor à primeira vista, estou inclinada para acreditar que foi isso que aconteceu connosco. É que perder aquele momento era a coisa mais simples do mundo, bastava eu não ter atravessado a rua, bastava eu não ter ficado mais um segundo.

A verdade é que aquele momento, embora na altura não tenha compreendido, foi o momento de viragem na minha vida.

Ela mudou-me por completo naquele segundo.

Foi um desenrolar de acontecimentos, de encontros nos corredores, de carinhos incompreendidos, de olhares tímidos, mas que me diziam mais, muito mais do que te querias permitir dizer.

Denunciávamo-nos por toda a parte, mesmo antes de nós mesmas percebermos o que éramos.

Eram as mãos dadas por baixo da mesa, que mesmo não tendo qualquer maldade, não deixávamos que os outros vissem, porque por alguma razão, já compreendíamos que era mais do que os outros podiam ver.

Eram as palavras que trocávamos à noite, os silêncios em que a tua imagem ocupava a minha cabeça, na esperança de que desses um sinal.

E foi o teu rosto, deitado daquela forma sobre o teu próprio braço. Foram os teus olhos fechados, o teu corpo tão perto do meu, a minha mão sobre o teu cabelo e os meus lábios tão próximos de ti.

A porta do quarto fechada, a luz apagada com uma breve claridade a sair pelas frinchas da janela, a televisão de fundo com o som tão baixinho que tornava as vozes imperceptíveis, bem, isso foram só pormenores. Mas tudo o resto, tudo o resto tornou aquele momento possível. Por engano, ou (in)conscientemente os nossos rostos ficaram frente a frente, eu conseguia sentir a tua respiração na minha boca e sem perceber bem como, acabaste por me completar.

Ela é perfeita, admira-me o jeito que ela tem de me agradar, o modo como pede 'desculpa', que me faz sentir não a ter levado a desculpar-se. É fascinante a maneira que ela arranja de me dar a volta, como ela sabe exactamente que tom de voz usar para que eu seja capaz de ceder. Ela ainda não entendeu o quanto eu a acho perfeita.

É incrível como após todas as discussões, quando já estamos naquela fase da reconciliação e até mesmo depois dessa, todos os meus pensamentos e medos pareceram 'bobagens'.

I'm such a silly girl *

1 comentário:

  1. Gostei muito de vos ler.
    História de amor muito bonita.
    Não desistam nunca, de ser felizes!

    Muitas felicidades,
    Abraço
    ES

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